Tintas Roto


Introdução

Definição

Podemos definir a tinta como sendo uma substância líquida, no caso da Rotogravura, constituída no mínimo de um veículo fluído e de um corante, que poderá ser orgânico, orgânico-metálico ou inorgânico e que, ao se aplicado ao substrato deverá formar, quando seco, um filme aderente.

As funções da tinta podem ser:
- transportar a cor do tinteiro para a forma;
- fixar a cor sobre o suporte;
- passar da forma ao substrato, obtendo o produto impresso.

Composição

As tintas para Rotogravura, denominadas líquidas, são constituídas basicamente de:
- corantes ou pigmentos;
- resina;
- diluentes

Comportam também produtos auxiliares, tais como: plastificantes, ceras, agentes anti-espumantes, antifloculantes etc., destinados a modificar suas características físicas. A proporção dos componentes varia conforme o comportamento reológico da tinta e as propriedades físicas e químicas do filme de tinta.
A escolha dos componentes depende das características do suporte e da aplicação final do impresso.


PIGMENTOS E CORANTES

Os corantes (anilinas) são substâncias coloridas de origem química muito diversas, solúveis (e não dispersáveis) no verniz em que são utilizados. No estado seco apresentam-se sob a forma de pó e suas características físico-químicas são muito diferentes em função de sua natureza química. Alguns não têm resistência alguma à luz, a água e ao calor. Outros, pelo contrário, possuem excelente resistência. As tintas formuladas com corantes possuem transparência superior àquelas formuladas compigmentos.

Pigmentos são compostos de origem orgânica ou mineral, de formulação mais ou menos complexa. Sua intensidade, opacidade, resistência às intempéries ou aos agentes químicos variam em função de sua natureza.
No estado seco apresentam-se sob a forma de pó ou de aglomerados que precisam ser finamente moídos num verniz para promover sua dispersão, visto que são insolúveis nesse verniz. As tintas pigmentadas apresentam-se em estado coloidal.
De modo geral, a resistência dos pigmentos às intempéries e aos agentes químicos é superior a dos corantes. Conforme os resultados desejados e por razões de custo, costuma-se usar dois ou mais pigmentos combinados.
Os pigmentos podem ser transparentes ou opacos. Procura-se em rotogravura a máxima transparência e é por esse motivo que, em impressão externa, o amarelo é impresso como primeira cor, pois trata-se do pigmento menos transparente (outro motivo é o reconhecimento do sinal pelo cabeçote de registro eletrônico).
O grau de moagem dos pigmentos é fator importante para a rotogravura, visto o efeito deletério da tinta abrasiva sobre a racle e o cilindro-forma.

Principais pigmentos utilizados em tintas para Rotogravura
Orgânicos Amarelo Hansa
Vermelho Toluidina
Azul Ftalocianina
Inorgânicos Amarelo de Cromo
Azul de Prússia
Dióxido de Titânio


RESINAS

São matérias-primas naturais (secreção animal ou vegetal) ou sintéticas que, dissolvidas em solventes, compõem os vernizes.
Os vernizes tem por função transportar os pigmentos ou corantes ao substrato e, após a evaporação do solvente, formar um filme que fixe a substância coloridas ao suporte e assegure as propriedades necessárias ao impresso.
De acordo com o substrato e as condições impostas do trabalho (resistências) é necessário o uso de duas ou mais resinas, combinando suas propriedades.
Os requisitos gerais de uma resina devem ser compatíveis com o sistema de impressão. A resina deve ser formadora do filme, pura, amorfa, sem odor, sem cor, transparente e solúvel nos solventes da tinta. Ela deve também envolver o pigmento para garantir uma voa dispersão e estabilidade.
As resinas são compostos de alto peso molecular. Normalmente, a escolha da resina esteve restrito a um limitado número de produtos naturais. As resinas sintéticas modernas têm muito mais a oferecer, visto que podem ser produzidas de acordo com as necessidades da tinta. Em geral tem maior ponto de fusão (cerca de 180º C) do que as resinas naturais, favorecendo a maior velocidade de desprendimento do solvente. Deve-se Ter em mente que a capacidade de permitir a evaporação do solvente tem fundamental importância na Rotogravura. Por um lado, se o solvente libera-se muito rapidamente, a tinta seca no interior dos alvéolos, mas se o solvente libera-se mais lentamente temos problemas de arrancamento, rugas, rejeição da dor subjacente, pegajosidade e, em determinados níveis, a "retenção" do solvente no impresso, ocasionando odor no produto.
A adição, em máquina, de verniz à tinta, reduz a concentração de pigmento e torna a tinta mais "fraca", ou seja, com menor densidade de reflexão. Esta adição de verniz à tinta é chamada "corte" e significa a comparação das quantidades de tinta e verniz, em percentagem. Por exemplo, 50 L de verniz adicionados a 100 L de tinta são 50 % de corte.

Principais resinas utilizadas em tintas para Rotogravura
Naturais Breu
Goma Arábica
Copal
Sintéticas Resinatos
Alquídicas
Celulósicas (nitrocelulósicas)
Poliamidas
Esters de Breu
Vinílicas
Acrílicas
Maléicas
Borrachas clonadas


DILUENTES

Os diluentes ou solventes são substâncias líquidas, orgânicas, de características físicas e químicas diversas.
Sua principal tarefa consiste em tornar a resina fluída de modo a poder entrar e sair dos alvéolos do cilindro impressor. Consiste também em penetrar ligeiramente na superfície do suporte, carregando consigo a resina e permitindo que esta possa agarrar-se ao substrato. Após alcançar este substrato é desejável que o solvente seja eliminado o mais rápido possível de modo que a tinta possa, rapidamente, passar ao estado sólido.
Eles devem ser praticamente ausentes no produto acabado, mas desempenham um papel extremamente importante em todos os estágios anteriores à impressão.
A escolha do solvente é governada por diversos fatores, principalmente, uma certa resina é usada para aderir a um certo substrato e esta pode ter solubilidade limitada. O solvente da tinta pode, ainda, ser compostos por dois ou três solventes diferentes com determinadas características (thinners).
Geralmente o solvente verdadeiro da resina, que prontamente a dissolve, tem facilidade em ficar retido nela quando o filme de tinta está seco, fazendo-se necessário adicionar ao solvente verdadeiro um falso solvente, com o objetivo de diminuir esta retenção. O falso solvente é aquele que não dissolve a resina sozinho.
Na secagem da tinta, o último solvente que a deixa deve ser o solvente verdadeiro, pois, de outro modo, a resina pode precipitar.
Assim, a escolha do solvente deve considerar:
- o tipo de resina;
- a velocidade da impressora;
- restrições impostas pelo produto acabado.

Principais solventes utilizadas em tintas para Rotogravura
Álcoois Etílico
Metílico
Isopropílico
Butílico
Hidrocarbonetos Aromáticos Benzeno
Tolueno
Xileno
Hidrocarbonetos alifáticos Hexano
Heptano
Cetonas Acetona
Metiletilcetona
Diluentes Clorados Tricloroetileno
Cloreto de Metileno


ADITIVOS

São compostos selecionados, incorporados às tintas para eliminar ou introduzir propriedades específicas como: melhoria na dispersão, estabilização, deslize, anti-decalque etc.

Principais aditivos utilizadas em tintas para Rotogravura
Plastificantes
(Cargas)
DOP
DBP
Óleo de Mamona
Resinas Alquídicas
Dispersantes
(aditivos)
Lecetina de Sódio
Naftenato de Zinco
Anti-Espumantes
(aditivos)
Tintas a base de água
Resinas acrílicas
Diversos
(aditivos)
Alastrantes
Deslizantes
Fungistáticos
Espessantes. etc


Tintas Especiais X Mistura Física

É recomendável encomendar tintas especiais no caso de trabalho sobre substratos especiais ou que exigem fidelidade exata de um matiz, impossível de se conseguir com as tintas de escala (Cy, Mg, Am, Pr).
As vantagens ou desvantagens devem ser consideradas tanto no aspecto técnico quanto no econômico. Em certos casos, são exigidas determinadas resistências químicas que nem sempre são possíveis de se conseguir com as tintas de linha. Em outros, as tintas de linha não permitem a obtenção da cor desejada ou não compensa economicamente fazê-lo.
Duas vantagens, todavia, ficam a favor das tintas de base: os prazos para entrega e a inexistência de erros como quantidade de cada cor, tom etc.
Pode-se concluir que ambos os casos são válidos, desde que utilizados com prudência. Se para trabalhos eventuais ou de continuidade incerta, a existência permanente de tintas de base tem todas as vantagens, o certo é que justifica-se a encomenda de tintas especiais sempe que se trata de casos especiais.


Propriedades das tintas para Rotogravura

Viscosidade
A viscosidade pode ser definida como o estado de uma substância, fluida ou semi-fluida, que em razão do "esfregamento" interno das suas diferentes camadas entre si, apresenta maior ou menor dificuldade de escoamento. A unidade de medida da viscosidade é reconhecida internacionalmente como poise.


Tixotropia
Trata-se de um fenômeno reversível, de aumento e diminuição da viscosidade de certos líquidos. Quando a tinta está em repouso, tende a "engrossar", ao passar para um estado de agitação, torna-se mais fluida. A medição da viscosidade deve ser realizada, portanto, com a tinta em circulação.


Secagem e Estabilidade
Um dos pré-requisitos das tintas rotográficas é que elas não devem secar nos alvéolos. A tinta é formulada tal que a resina permaneça em solução enquanto estiver no tinteiro ou nos alvéolos.
No tinteiro, a temperatura da tinta aumenta acima da temperatura ambiente devido a agitação, e causa evaporação do solvente. Isto pode levar a problemas de estabilidade de resina , pois, numa tinta com mais do que um solvente, os vapores são mais ricos no componente mais volátil. Quanto mais o solvente de maior volatilidade evapora, mais lenta se torna a taxa de secagem da tinta. Se a situação não for corrigida, pode-se Ter a resina da tinta insolúvel no solvente menos volátil e a tinta coagula. Idealmente, a viscosidade deve ser reduzida com o redutor adequado e deve permanecer uniforme durante toda a tiragem.


Força
Trata-se da maior deposição de pigmento por unidade de área. A redução da viscosidade promove uma alteração na força das tintas. Duas tintas podem ter a mesma força numa dada viscosidade, mas diferir quando a viscosidade é alterada.


Taxa de diluição
Representa a quantidade de solvente necessária para reduzir a viscosidade de um dado volume de tinta (virgem) até uma viscosidade determinada.


Viscosidade de Tintas Rotográfica
Como já foi definido, a viscosidade pode ser entendida como a medida de atrito entre as camadas internas de um fluido.
A unidade de medida adotada internacionalmente é o poise, sendo utilizado também o centipoise (CP) e o Stoke (St).
Estas unidades são aplicadas a medida de viscosidade dinâmica e cinemática.
A nível de facilidade e rapidez de medição, as viscosidades acima citadas deixam a desejar, sendo desenvolvido um método comparativo para medição. Consiste em marcar o tempo de escoamento de determinado volume de tinta através de um orifício de diâmetro conhecido. A unidade de medida é o segundo.
Este sistema de medição é utilizado em produção e as viscosímetros mais comuns são o copo FORD-4 e o copo ZAHN-2, com medição por processo manual.
Exixtem, todavia, dispositivos automáticos para controle da viscosidade das tintas. Seu princípio de funcionamento é a medida da força que um pistão, imerso na tinta, tem que fazer para girar. A alimentação de solvente, uma fez determinada a viscosidade correta para o trabalho, é automática.
A viscosidade em função da temperatura. Quanto maior a temperatura, menor a viscosidade. Maior viscosidade significa escoamento mais lento, logo, maior tempo em segundos; menor viscosidade, menor tempo em segundos.
Outro fator importante para o controle de viscosidade é a taxa ou velocidade de evaporação do solvente. O solvente não deve evaporar muito rápido, para que a tinta não fique seca no interior dos alvéolos, nem muito lentamente para que não ocorra blocagem.
Por necessidade física a viscosidade das tintas rotográficas é baixa - 15" a 25" em copo ZAHN-2. Isto permite que a tinta flua rapidamente e uniformemente do alvéolo para o substrato de impressão.
A viscosidade correta é função da largura dos alvéolos, do diferencial de profundidade dos alvéolos, da velocidade da impressora, da taxa de evaporação dos solventes, da distância entre a racle e o ponto de impressão e da afinidade e absorção do substrato.
Em trabalhos críticos, somente uma estreita faixa de valores de viscosidade produzirá um bom resultado. Uma viscosidade muito elevada impede o correto preenchimento dos alvéolos e uma adequada transferência para o substrato no ponto de impressão, devido ao efeito de tensão superficial criado nas paredes do alvéolo, ocasionando problemas como : entradas de faca", "reticulagem" e perda de detalhes nas áreas de mínima.
De outro lado, tintas com viscosidade muito baixa também levam a uma imprimibilidade ruim. Neste caso, as tintas tendem a deixar os alvéolos muito rapidamente, reproduzindo bem as regiões de mínimas, enquanto liga os pontos nas regiões de máxima, produzindo efeito indesejável. Um dos piores efeitos é a marmorização, onde estrias de cores claras e escuras aparecem na área impressa. Além disso, com tintas de baixa viscosidade pode ocorrer a sedimentação dos pigmentos e vernizes, que são mais pesados, acarretando considerável perda de força.


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