Nem sempre o sistema de entintagem da flexografia
apresentou vantagens como encontramos hoje em dia, quando não se utilizava o
rolo anilox e sim o rolo chamado de transferência, era muito difícil controlar
uma transferência uniforme de tinta, além de naquela época a velocidade dos
rolos serem a mesma, o que dificultava ainda mais a manutenção de uma
entintagem uniforme.
Com o passar dos tempos desenvolveu-se um sistema onde se
utilizou um rolo de transferência (agora dosificador) gravado, onde se poderia
controlar de forma precisa a transferência da carga de tinta, outro fator que
também contribuiu muito para o desenvolvimento do sistema foi a elaboração de
um sistema em que o rolo alimentador gira com velocidade diferente do rolo
dosador (anilox) acabando com vários problemas como por exemplo o chamado
“fantasma” (manchas resultantes do excesso que ficava no ponto onde se
encostava o rolo alimentador com o anilox).
O Rolo anilox (ou rolo dosador), foi desenvolvido
com a finalidade de melhorar a qualidade de impressão, principalmente em máquinas
de banda larga (grandes larguras do substrato); lembrando que com o sistema
convencional ocorre o que se chama de deflexão, onde no centro do rolo passa
maior quantidade de tinta.
Com a introdução do rolo anilox o problema de carga de
tinta finalmente pode ser controlado de forma eficiente, mantendo a carga de
tinta constante e uniforme durante todo o processo de impressão (controlando-se
todavia as características da tinta, como por exemplo viscosidade e poder de
cobertura).
O rolo anilox é usualmente um rolo metálico com
sua superfície completamente gravada com finíssimas celdas (alvéolos) dentre
uma lineatura de 80 e 500 linhas por polegada linear.
Existe também o rolo com uma cobertura cerâmica, sendo
que este possibilita uma melhor qualidade de impressão.
O propósito do rolo dosificador é transferir uma
película fina, uniforme e constante de tinta para a forma de impressão.
Num processo normal de trabalho o rolo alimentador
transfere a tinta para o anilox, como a tinta é liquida tem-se que controlar
muito bem a pressão de contato entre ambos para que seja removido o excesso de
tinta da superfície ficando apenas tinta nos alvéolos, e posteriormente a
tinta dos alvéolos será transferida para a superfície em alto relevo
(grafismo); a pressão entre o rolo anilox e a forma de impressão também deve
ser a menor possível, esta é uma operação que exige uma certa habilidade do
operador, para que não dê pressão em excesso ou em falta. O ideal é ir
encostando o anilox até que se consiga uma transferência de tinta que
possibilite a impressão de todas as informações do impresso.
Quando se trabalha com falta de pressão ocorrerá falhas
na imagem, porém quando se trabalha com excesso de pressão ocorrerá um
aumento do valor tonal do impresso (ganho de ponto) fazendo com que as informações
nas áreas de mínima também sejam perdidas.
Outro passo na evolução do sistema de impressão
flexográfica foi a inclusão de um sistema de raclagem no conjunto entintador.
Trata-se de uma racle posicionada sobre o rolo anilox, que
tem por finalidade remover por completo a tinta existente na superfície do
anilox, deixando apenas tinta nos alvéolos, melhorando com isso ainda mais a
qualidade de impressão em flexografia.
A racle pode ser usada em sistema com dois rolos (rolo do
tinteiro e rolo anilox) ou em sistemas com apenas um rolo (anilox).
Desenho dois rolos e só anilox
O sistema de entintagem com anilox e racle é muito
utilizado quando se obter trabalhos com altas qualidades, meios tons, trabalhos
coloridos etc.
Outra evolução foi o desenvolvimento do sistema
encapsulado (doctor-blade) onde a tinta é depositada sobre o anilox em um
sistema fechado, sem que a tinta entre em contato direto com o ar, e
posteriormente este excesso é retirado pela racle.
A grande vantagem deste sistema é que por ser um sistema
fechado a evaporação dos solventes da tinta é quase nula, mantendo com isso
uma viscosidade mais constante e melhorando o ambiente de trabalho.
Sistema de racle com ângulo invertido
A estação de impressão na figura mostra que a posição
da racle está a favor do sentido de rotação do cilindro (aponta na direção
de rotação). Sendo que a racle tende a ser “arrancada” pelo sentido de
rotação, deverá ser sustentada firmemente para manter uma boa ação de
raspagem.
Sendo que por ser uma racle, todo o excesso de tinta será
retirado pela racle através da pressão que a mesma exerce sobre o cilindro.
No sistema o ângulo da racle contra o cilindro forma uma
“bolsa”, onde se acumulará o excesso de tinta, a ação do bombeamento hidráulico
da tinta necessariamente incrementará a pressão da racle para assegurar uma
raspagem apropriada. Além de que, qualquer impureza contida na tinta tenderá a
alojar-se embaixo da racle, por isso em rotogravura é necessário que a racle
fique oscilando durante a impressão (e também para provocar um desgaste por
igual na racle).
Desenho racle da rotogravura
Agora note que na figura a seguir em cada caso a racle
aponta na direção inversa a rotação do anilox. Isso significa que a racle já
não tem que vencer a força extra, provida do acúmulo de tinta entre a racle e
o anilox (como no caso da racle e do cilindro em roto), propiciando assim uma
raspagem mais perfeita, impossibilitando quase que totalmente a passagem de um
volume de tinta maior no centro do cilindro.
No caso de roto o uso de racle invertida causaria um
desgaste muito rápido do cilindro, sendo assim usa-se a racle em posição
normal.
Em flexo pode-se utilizar racle no sentido de rotação do
cilindro, porém o mais comum é o uso da racle invertida mesmo.
Desenho da racle em flexo ( fazer normal e invertida) com
dois e um rolo
Quando se desenham os suportes das racles,
geralmente são para operar em um ângulo de 30 a 35º da tangente até o
cilindro anilox.
Antes que se instale a racle em seu suporte se deve checar
cuidadosamente a racle para confirmar se a mesma não tem a borda irregular
(ondulações, riscos ..) Isto pode ser feito passando-se uma caneta sobre a
superfície da racle (tomando cuidado para não se machucar nem estragar a
racle), deste modo pose-se perceber alguma irregularidade em sua superfície
(tem gente que passa a unha, más tem que se tomar muito cuidado).
Se for percebido alguma resistência ao se verificar a
racle, deve-se polir com pano impregnado de óxido de ferro, até o que toque
seja bem suave (deslizante).
Quando a racle entrar em posição de trabalho com o
anilox, deve-se ajustar para que limpe o anilox com o mínimo de pressão possível.
Em outras palavras, uma vez que a racle entre em contato com o anilox, é necessário
aumentar a pressão de contato mais 0,005 polegadas, para que se possa limpar
completamente o anilox sem desgaste prematuro.
Neste caso o excesso de tinta do rolo anilox trabalha
raspando ao em vez de espremendo como no caso do sistema de dois rolos (sem
racle) a ação do bombeamento de tinta trabalha agora a favor do sistema de
raspagem. A força hidráulica que é aplicada na racle simplesmente pressiona
um pouco mais a racle contra o anilox. O sistema, portanto, independe da
velocidade da impressora. Por isso é muito importante selecionar corretamente o
tipo de anilox (lineatura, tipo de gravação, alvéolo, tipo da superfície..)
e a viscosidade da tinta, para manter a mesma cor durante o processo de impressão,
pois o anilox transferirá somente a capacidade volumétrica de sua gravação.
Uma vez que se escolheu o anilox apropriado se deve
informar ao fornecedor do rolo que ele será utilizado em sistema com racle,
pois geralmente os produtores fazem rolos com celdas (alvéolos) diferentes para
cada um dos sistemas, racle ou rolos.
Preparação da racle
O primeiro passo para a preparação de qualquer trabalho
que se use racle de ângulo invertido é a preparação da própria racle. Os métodos
mais utilizados são de forma manual, porém já estão sendo utilizados métodos
mecânicos também.
A primeira etapa na preparação racle é limpar
cuidadosamente o suporte a’te remover todo resto de tinta.
Deve-se ter cuidado para não estragar sua borda durante o manejo, pois
qualquer dano pode causar raias no impresso ou deflexão de tinta.
Com o suporte colocado sobre uma mesa se usa uma lima 0,10
milésimos de polegada para iniciar a preparação da borda. Deve-se limar
procurando formar um ângulo de 45º, e ir limpando a lima de vez em quando,
aproveitando para conferir a correta formação da superfície (através de tato
ou de uma lupa). O objetivo da limagem é formar uma borda afiada do lado oposto
ao que sta sendo limado. Após essa limagem passando-se algumas vezes um
material plano sobre a lâmina removerá quase que totalmente as limalhas
resultantes.
A
afiação da lâmina se finaliza com uma lixa 300 ou 400 (milésimos de
polegada), passando-a sobre a borda da lâmina, estando a lixa dobrada entre os
dedos polegar e indicador. Deve-se lixar até que a borda esteja completamente
lisa e isenta de “dentes”, (o que causará riscos no impresso) isso
pode
ser
constatado
passando-se cuidadosamente a unha
sobre a lâmina.
Um cuidado que se deve ter é informar ao fornecedor do
anilox que o mesmo será utilizado com racle, pois o mesmo tomará as precauções
referentes a regularidade da superfície do anilox, sendo que irregularidades mínimas
na superfície do anilox provocam dentes na racle, causando riscos permanentes
no impresso (tem que se trocar a lâmina).
No caso de sistema que utiliza dois rolos (alimentador e
dosador/anilox), é indicado que se use tinta com tempo de escoamento entre 25 e
28 segundos, isso em copo Zanh 2.
Tipos
de Celda (alvéolos)
Antes de falar especificamente dos tipos de células (alvéolos),
vamos fazer uma rápida revisão sobre o anilox.
O anilox é uma peça muito importante para a impressão
de trabalhos de alta qualidade em flexografia, ele é o responsável pela
dosagem de tinta sobre a forma de impressão.
É necessário escolher o tipo certo de anilox para a
execução de um trabalho, pois como se trata de um rolo gravado, permitirá que
seja passado somente o volume de tinta que suas células suportam. Devendo assim
ser escolhido de forma bem consciente a lineatura e o tipo de célula do anilox.
Para a gravação das células no cilindro existem
basicamente dois sistemas mais utilizados, o mecânico e o a laser.
Célula de pirâmide invertida
Este é o tipo de célula mais usado para impressão flexo,
possui a forma de uma pirâmide invertida.
Desenho pirâmide invertida
Cada célula sobre a superfície do cilindro é um
duplicado exato de todas as outras células. Por tanto é possível
matematicamente calcular a capacidade volumétrica de tinta que esses rolos
podem conduzir.
Primeiro se deve conhecer as medidas corretas do tipo de célula
que se planeja usar. As seguintes dimensões são necessárias para aplicação
da fórmula necessária.
Exemplo de célula piramidal , cálculo
Esta fórmula produz em volume da célula total em
microns cúbicos. Cada milésimo de polegada (0,0001”) tem 25,4 microns. Se
podem obter medidas diretas muito precisas usando um equipamento de medição óptico
chamado “grababoscópio”.
Se segue a seleção do tipo de célula de pirâmide
invertida para uso com o sistema de dois rolos (anilox e borracha), está é uma
boa referência par se seguir.
102/140 P: para altos volumes de tinta sobre papéis muito
absorventes.
A50 P: um volume intermediário que se usa com materiais
absorventes quando a anterior entope as retículas e quando fica carente de
detalhes com a célula piramidal de 165.
165 P: geralmente é a mais utilizada industrialmente para
provas iniciais de operação com papel não recoberto, corrugado e material
para bolsas kraft natural ou branqueado. Está seleção pode variar se o uso
for com tinta a base de solvente ou a base de água.
180 P: standart usado largamente para impressão de traços
para materiais não absorventes e sobre cartão ou cartolina.
200 P: usado para trabalhos a traço médios a finos. Não
aconselha-se o uso de tintas metálicas com essa célula. Normalmente se usa com
sistema de raclagem e a viscosidade da tinta normalmente será maior que o
normal.
Célula Quadrangular